18/05/2022
As vendas de moradias na China sofreram queda anual de 32,2% no primeiro quadrimestre de 2022, refletindo os impactos da atual onda de covid-19, segundo dados do Escritório Nacional de Estatísticas (NBS, na sigla em inglês) do país. O resultado da economia chinesa mostrou piora em relação ao declínio de 25,6% observado no primeiro trimestre e pesa nos mercados internacionais.
As construções iniciadas – considerando-se tanto residências quanto propriedades comerciais – recuaram 26,3% no primeiro quadrimestre ante igual período do ano passado. No primeiro trimestre, a redução havia sido menor, de 17,5%.
Já os investimentos no desenvolvimento de projetos imobiliários tiveram queda anual de 2,7% no terceiro trimestre, revertendo aumento de 0,7% visto no primeiro trimestre.
Em meio às dificuldades do setor imobiliário, o banco central chinês (PBoC) decidiu reduzir o limite mínimo de taxas de hipoteca para compradores do primeiro imóvel em até 20 pontos-base.
Bolsas asiáticas
As bolsas asiáticas fecharam sem direção única nesta segunda-feira, 16, após dados econômicos fracos da economia chinesa resultantes de medidas contra a covid-19.
As perdas nos mercados da China continental, porém, forem contidas, um dia após a cidade de Xangai anunciar o relaxamento de restrições contra a covid-19, com a reabertura de supermercados, centros comerciais e restaurantes, ainda que de forma limitada.
O índice Xangai Composto recuou 0,34%, a 3.073,75 pontos, enquanto o menos abrangente Shenzhen Composto caiu 0,28%, a 1.926,01 pontos.
Consequências
Se a China tropeça, o mundo todo sente o impacto. E a China está tropeçando. A política de tolerância zero contra a covid-19, com lockdowns espalhados pelo país, acenderam o alerta para a redução da atividade na segunda maior economia do mundo.
Cidades completamente fechadas significam redução das importações e inviabilizam as exportações – sobretudo de bens industriais -, o que pode pressionar ainda mais a inflação e reduzir a atividade econômica em todo o mundo.
Apenas com o lockdown em Xangai, estima-se que a venda de carros na China tenha despencado 48% em abril, na comparação com igual período de 2021. A cidade é responsável por 3,8% do PIB chinês, mas tem o maior porto de contêineres do mundo. Em abril, a Apple informou que a situação na China pode lhe custar entre US$ 4 bilhões e US$ 8 bilhões em vendas perdidas.
Diante do cenário, a Santander Asset reviu sua estimativa de PIB para a China de 5% para 4,6%. O Itaú Unibanco, de 5% para 4,7%. Somado aos impactos da guerra na Ucrânia e da alta dos juros nos EUA, a política chinesa contra a covid deve desacelerar a economia global para algo em torno de 3% (número considerado ruim para o PIB global).
“Pelo tamanho da China, se ela crescer 4,5% já tem um efeito ruim. Isso não seria tão problemático se não houvesse tanta dúvida em relação à alta dos juros nos EUA. Mas as duas locomotivas do mundo estão com questões que significam menos crescimento nos próximos 18 meses”, diz Eduardo Jarra, economista-chefe da Santander Asset.
Economista-chefe do banco BV, Roberto Padovani diz que a pressão inflacionária da interrupção das cadeias de produção chinesas também pode levar o Fed (banco central dos EUA) a elevar mais rapidamente os juros, reforçando a desaceleração global. /Agência Estado com Dow Jones Newswires
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