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Setor produtivo prevê novas oportunidades para Goiás

30.03.2023

Adial destaca impacto positivo mas alerta para a necessidade do estado acelerar ações em outros setores e a implantação de um grande cluster logístico em Goiás

Presidente-executivo da Adial, Edwal Portilho, o Tchequinho: necessidade de mais investimentos (André Costa)


As obras da Ferrovia Norte-Sul foram iniciadas em 1987, na administração do então presidente José Sarney, e ganharam impulso em 2003, na primeira gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O traçado inicial previa apenas 1.550 quilômetros, entre Açailândia (MA) e Anápolis (GO), com outorga de concessão para a Valec Engenharia.


Depois de várias ampliações no projeto inicial, a extensão total prevista já é de 4,7 mil quilômetros, chegando até a Rio Grande (RS), ligando o País de norte a sul.


A VLI opera o trecho da Ferrovia Norte-Sul que fica entre Açailândia (MA) e Porto Nacional (MA). Na parte Norte, ela se conecta com a Estrada de Ferro Carajás, em Açailândia, de onde é possível seguir até o Porto de Itaqui, no Maranhão. O diretor de Novos Negócios da Rumo, Danilo Veras, lembra que, antes mesmo de operar totalmente, a ferrovia já trouxe benefícios como uma grande geração de empregos para construção dos terminais em operação.


Mas o maior benefício previsto no médio e longo prazo é a redução do custo com transporte. Danilo Veras informa que a Rumo também assessora com estudos operacionais as empresas que demandam por seus serviços de transporte. Quando é definida a construção de um novo terminal, a Rumo entra em acordo com o parceiro para que ele se instale às margens da ferrovia e é construído um ramal para desviar o trem para dentro destas instalações.


A expectativa é que os futuros terminais na parte norte da Norte-Sul sejam construídos num período de até dois anos, necessários para viabilizar as licenças exigidas e efetuar a construção da estrutura. “Um terminal já nasce operando com sua capacidade máxima porque a demanda já é imediata”, destaca o executivo. Já existem discussões para instalação de terminais nas regiões de Anápolis, Vale do São Patrício, Norte de Goiás e Sul do Tocantins.


A intenção da Rumo é incrementar, cada vez mais, a participação da Norte-Sul no transporte das commodities produzidas em Goiás. “O estado tem muito potencial para elevar sua produção e os investimentos em terminais ajudarão a baratear muito os custos de produção, inclusive no transporte de insumos como fertilizantes”, avalia Danilo Veras. Ele prevê um crescimento exponencial no uso do modal ferroviário a partir de agora.


O presidente-executivo da Associação Pró-Desenvolvimento Industrial de Goiás (Adial), Edwal Portilho, o Tchequinho, lembra que os portos do chamado Arco Norte, que estão nas regiões Norte e Nordeste, já conseguiram superar o Porto de Santos em exportações de grãos, com 52,3 milhões de toneladas embarcadas em 2022. Para ele, isso mostra a ampliação de oportunidades de importação e exportação trazidas pela Ferrovia Norte-Sul.


Um grande avanço é que, a partir desta ligação, entrará em operação o transporte de contêineres da Brado, viabilizando também o envio de cargas industriais. “Isso possibilitará o transporte de produtos da Zona Franca de Manaus para Goiás”, destaca Tchequinho. Além disso, também podem começar a circular contêineres frigoríficos  pelos trilhos, por exemplo, para o transporte de carnes. São previstas oportunidades até para o transporte de gás natural. “É um leque de oportunidades inimaginável”, completa.


Por isso, o representante da Adial alerta para a necessidade do estado acelerar a discussão de ações para o incentivo a vários setores econômicos, como acontece com o e-commerce, que podem resultar na implantação de um grande cluster logístico em Goiás, para distribuição de produtos para todo País e a América Latina. A expectativa é que a redução do custo com transporte atraia muitos novos investimentos de empresas. “Devemos estar atentos à criação deste ambiente de negócios para a formação deste cluster.”


Tchequinho alerta para a possibilidade de fazer uma zona franca expandida em Goiás, trazendo os incentivos de Manaus para cá, onde se instalarem as operações logísticas. Também é possível criar uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE) no estado, que tem incentivos fiscais para exportadores. “Quanto mais o governo e a sociedade se articularem para avançar nas discussões destas iniciativas, mais investimentos poderemos atrair, com mais geração de empregos, e mais rápido podemos usufruir das oportunidades de negócios oriundas da ferrovia”,diz o executivo.


Fonte: Jornal O Popular

Matéria: Lúcia Monteiro

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