Balança comercial brasileira fecha setembro em alta nas importações
- Michel Victor Queiroz
- há 20 minutos
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A balança comercial do Brasil encerrou setembro de 2025 com saldo positivo de US$ 2,16 bilhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). No período, o país registrou US$ 27,62 bilhões em exportações e US$ 25,46 bilhões em importações, totalizando uma corrente de comércio de US$ 53,08 bilhões. Apesar do superávit, o desempenho ficou 55,4% abaixo do mesmo período do ano anterior, reflexo da forte alta nas importações.
O movimento foi puxado principalmente pelo aumento de 14,3% nas compras externas, enquanto as exportações cresceram apenas 1,9%. O resultado demonstra o aquecimento do mercado interno e a demanda crescente por bens de capital e insumos industriais, mesmo diante de um cenário global ainda instável.
Agropecuária sustenta o desempenho positivo
O setor agropecuário continua sendo um dos principais pilares do comércio exterior brasileiro. Até a quarta semana de setembro, o segmento registrou crescimento de 9,2%, movimentando US$ 5,92 bilhões em exportações. Os destaques ficaram por conta da soja, que avançou 11,7%, do milho não moído (+11,3%) e do café não torrado (+3,8%).
A indústria extrativa também apresentou bom desempenho, com alta de 6,4% e total de US$ 6,13 bilhões exportados, impulsionada pelo aumento na venda de minérios metálicos e petróleo bruto.
Já a indústria de transformação teve queda de 2,6%, somando US$ 15,31 bilhões. Mesmo assim, alguns segmentos se destacaram positivamente, como a exportação de carne bovina fresca (+52,9%), veículos de passageiros (+34,2%) e ouro (+94,1%).
Tarifaço dos EUA não altera cenário geral
O aumento das tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros - o chamado “tarifaço” — não provocou impacto significativo na balança comercial. Mesmo com as restrições, as exportações brasileiras mantiveram estabilidade, mostrando a diversificação dos mercados de destino e a força dos setores primário e extrativo.
O que realmente pesou no resultado foi o avanço das importações, que crescem desde o início do ano. Essa tendência acompanha o aumento do consumo doméstico e a recuperação da indústria nacional, que depende de matérias-primas e equipamentos importados.
O panorama do ano
O comportamento das exportações e importações ao longo de 2025 mostra uma dinâmica de estabilidade, porém com redução no ritmo do superávit. Desde o início do ano, o Brasil manteve médias expressivas de exportação — principalmente em março, abril e julho —, mas o avanço mais forte das importações tem pressionado os resultados.
Mês | Exportações (US$ mi) | Importações (US$ mi) | Variação Exp. | Variação Imp. |
Set | 27.622,5 | 25.462,8 | +1,9% | +14,3% |
Ago | 29.861,1 | 23.727,9 | +8,9% | +2,6% |
Jul | 32.125,3 | 25.247,6 | +4,2% | +8,4% |
Jun | 28.941,2 | 23.263,4 | +0,7% | +3,8% |
Expectativas para o fim do ano
Com o início do último trimestre, as projeções indicam que o comércio exterior brasileiro pode retomar fôlego, puxado pela safra de soja e pelo aumento da demanda global por commodities agrícolas e minerais. Ainda assim, o desafio será equilibrar o avanço das importações com estratégias que mantenham o superávit positivo.
Mesmo em um cenário de volatilidade internacional, o desempenho de setembro reforça que o Brasil segue com um comércio exterior robusto e diversificado, sustentado pela força do agronegócio e pelo crescimento gradual da indústria exportadora.
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC)
Análise: Núcleo de Economia e Inovação – Adial Goiás