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No Centro-Oeste, cooperativas já esperam perda na colheita de soja 02.01.24



Lavouras de Goiás e Mato Grosso foram afetadas por altas temperaturas e falta de chuvas no plantio


Por Raphael Salomão e Paulo Santos — São Paulo



“O problema é sério, muito sério”, resume o presidente do Conselho de Administração da

Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (Comigo), Antônio Chavaglia , que dá como certa uma quebra significativa na produção de soja na região na safra 2023/24.


Sediada em Rio Verde (GO), a Comigo reúne 11 mil associados e está em 18 municípios do Estado. Segundo Chavaglia, há localidades em que a situação está razoável. Mas, diz ele, grande parte das lavouras não se desenvolve em boas condições.


“Perda, atraso de plantio, pouco desenvolvimento. A situação é bastante delicada. A soja precoce vai ser bastante afetada. A de ciclo mais longo, temos que ver até o fim de janeiro”, acrescenta.


Goiás sofreu com as altas temperaturas e a falta de chuva que atingiu o Centro- Oeste. E a expectativa de quebra de safra 203/24 de soja já se reflete nos números. De outubro para dezembro, a previsão de colheita da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para o Estado caiu de 17,5 milhões para 17 milhões de toneladas, 3,9% a menos que no ciclo passado.


“Estamos preocupados com a qualidade da soja. Vai ter soja que não serve para exportação. É um ano sem previsão do que vai acontecer”, lamenta Chavaglia.


O Estado solicitou a extensão do calendário de semeadura pelo menos até 12 de janeiro . O mesmo pedido foi feito por Mato Grosso , que também sofreu com o tempo mais quente e seco e poderá semear a soja até 13 de janeiro.

Nas lavouras mato-grossenses, a situação também é considerada grave. Levantamento da Aprosoja do Estado estima uma quebra de pelo menos 20% da produção, que pode ficar em 36,15 milhões de toneladas. A colheita chegou a 0,99% da área até o dia 22, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).


Sediada em Palotina (PR) e com operações em Mato Grosso, a cooperativa C.Vale trabalha com a possibilidade de perdas em sua área de influência no Estado. O que traz incerteza em relação ao volume de recebimento de soja. “A queda de previsão de recebimento está mesmo em Mato Grosso, porque tem redução de potencial produtivo. Nas outras regiões, não tem nada estabelecido”, diz Carlos Konig, gerente agronômico. “O que pode acontecer é alongar o período de recebimento.”


De acordo com a última projeção da Conab, o Brasil deve colher 160,1 milhões de toneladas de soja. Mas há previsões mais conservadoras no setor privado. A Céleres projeta uma produção de 156,5 milhões de toneladas. O Itaú BBA estima um volume ainda menor: 153 milhões.


A situação crítica da safra de soja no país gera impactos também para o cultivo de milho de segunda safra no Brasil, plantado após a colheita da oleaginosa . O atraso no plantio de verão tende a encurtar a janela para semeadura do cereal.


Além disso, a queda nos preços e a expectativa de menor rentabilidade são apontados como principal fator de desestímulo ao cultivo nesta safra, segundo analistas. Como resultado, a área plantada deve ser de 16,4 milhões de hectares, ou 4,5% menos que em 2022/23, de acordo com projeções mais recentes da Conab.


Globo Rural

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