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Goiás cresce por 30 meses consecutivos

17.10.2023


Dados do Banco Central apontam números positivos de atividade econômica e geração de empregos, puxados pelo agronegócio e indústria



O Banco Central divulga nesta quinta-feira (19) novos números do Índice de Atividade Econômica Regional (IBCR), mas, até julho, o estado de Goiás já acumulou 30 meses seguidos com resultado mensal positivo, sempre em comparação com o mesmo período do ano anterior. O indicador é divulgado todos os meses e agrega as informações sobre o desempenho da economia nos setores agropecuário, industrial, de serviços e comércio. 4 Os números são apurados a partir das pesquisas mensais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para as cinco regiões geográficas, com detalhamento para 13 estados. O levantamento é realizado desde 2003 e, desde então, a situação atual superior a 900 dias de crescimento proporcional representa a terceira maior sequência na série história do BC para Goiás.


O estado registra números positivos no IBCR desde fevereiro de 2021, exatamente no início da recuperação depois do período da pandemia de Covid-19, até o último mês de julho. Avaliação dos dados feita pelo Instituto Mauro Borges (IMB), vinculado à Secretaria Geral de Governo, relaciona o momento a resultados de outros indicadores, como a retomada do emprego e a redução do indice de pobreza no estado.


A maior série positiva de Goiás foi registrada entre julho de 2009 e novembro de 2014, com a soma de 65 meses com alta no indicador. A segunda maior ocorreu logo antes, entre maio de 2006 e abril de 2009. Não fosse o resultado negativo em maio de 2009, Goiás poderia ter alcançado a marca de 101 meses de alta.





Para o diretor-executivo do IMB, Erik Figueiredo, apesar de menor que as sequências positivas anteriores, o momento atual tem maior peso para o desenvolvimento do estado. "Esse período mais recente tem um impacto muito mais forte no emprego, por exemplo, e em outros indicadores socioeconômicos. Isso porque, nos últimos anos, houve uma mudança nesse eixo de crescimento econômico e geração de emprego, devido a diversos fatores que têm facilitado a contratação e reduzido burocracias", avalia.


Avaliação do IMB aponta que o período de crescimento de 2021 a 2023 propiciou uma queda no indicador de extrema pobreza de 2,6% para 1,7%. Além disso, mostra que houve evolução na renda média fazendo com que, pela primeira vez, o valor recebido em Goiás ultrapassasse a renda média nacional. No país, trabalhadores recebem média de R$ 2.880, enquanto os goianos atingiram media de R$ 2.898. "Quando pegamos esse número do Banco Central e o traduzimos nas questões de crescimento consecutivo, vemos que o crescimento hoje é muito mais efetivo para geração de emprego e renda que no passado", afirma Erik.


O período de 65 meses consecutivos, entre 2009 e 2014, resultou em um saldo acumulado de 209 mil empregos formais. Já o período de 36 meses, de 2006 a 2009, registrou criação de 120 mil empregos. A última sequência, até julho de 2023, teve geração de 247 mil empregos formais, segundo relatório do IMB.


Ocupação

O economista, doutor em estudos comparados, Jeferson de Castro Vieira, aponta que o ideal seria relacionar os resultados do IBCR com números mais amplos sobre a geração de ocupação de trabalho, que também incluam as atividades informais e de prestação de serviço por meio de pessoas jurídicas. Segundo ele, a comparação apenas com números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) é incompleta.


Apesar disso, o professor titular da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC), aponta que a sequência de 30 meses positivos mostra a intensa recuperação da economia goiana no período pós- pandemia. "É uma série positiva e estamos retomando a média, principalmente por conta do agronegócio. Esse crescimento acima da média nacional se deve ao setor que não parou de crescer na pandemia, além da expansão da indústria de alimentos em Goiás. São dois setores que passaram praticamente imunes à crise da pandemia, assim como a indústria farmacêutica", afirma.


O índice calculado pelo Banco Central não pretende antecipar estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) de cada estado, mas mostra a tendencia de alta em Goiás para o fechamento de 2023. Depois de crescimento acima do resultado nacional em 2022, com 6,6% em Goiás contra 2,9% no pais, o estado cresceu 4,9% até julho, contra 3,2% na média do Brasil.

"Goiás sofreu menos na pandemia em relação ao resto país, por conta do agro, indústria de alimentos e farmacêutica, mas esse fato de crescer acima da média nacional é importante porque também melhora

a renda média", analisa. Levantamento do IMB aponta que a crise iniciada em 2015 causou perdas de aproximadamente R$ 200 bilhões em relação à rota anterior de crescimento do PIB, e durou dois anos até a volta do ritmo de crescimento, em 2017. Em contrapartida, no pós-pandemia, a atividade produtiva retornou à tendência de crescimento 19 meses depois da recessão.


Segundo Erik Figueiredo, Goiás está entre os estados que menos sofreram com a pandemia e cita a retração do PIB em 1,3% em 2020, em comparação com a queda nacional de 3,3%. "Depois de 2015, o PIB começa a andar de lado. A recuperação só vem em 2019. E agora, do inicio de 2022 até a metade de 2023, nós estamos crescendo acima da nossa trajetória natural de crescimento, que chamamos de PIB potencial", diz. (Rubens Salomão/ O Popular)

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