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Quase R$ 9 bilhões devem ser investidos em Goiás em 2024

02.01.24


Grandes grupos chineses têm projetos em parceria com empresas locais e há unidades prontas que vão iniciar suas operações


Lucia Monteiro


Diretor-executivo da Adial, Edwal Portilho: legislação nova formulada (André Costa / O Popular)


Goiás tem quase R$ 9 bilhões em investimentos de grandes multinacionais já confirmados para este ano de 2024, de acordo com a Secretaria de Estado de Indústria, Comércio e Serviços (SIC). Entre as principais, estão grandes empresas chinesas que passarão a investir no Estado, em parceria com outras empresas locais, e plantas industriais que iniciam sua produção.

O destaque é a fabricação de máquinas, equipamentos e componentes, com emprego de alta tecnologia, e a extração de minérios. Uma delas é a Chint Power, gigante chinesa que é destaque mundial na produção de equipamentos voltados à produção de energia limpa e eletricidade, como transformadores, placas de energia fotovoltaicas e medidores de energia e água.


A empresa se instalará em Itumbiara, em uma joint venture com a indústria de máquinas Stemac, com investimentos estimados em R$ 80 milhões. A estimativa também é de um grande impacto nas exportações goianas, com a transferência de tecnologia e a produção de produtos como medidores de energia e água e placas solares, que serão distribuídas para toda a América do Sul.


Aumento do ICMS tem data marcada em 11 estados em 2024; veja a lista Setor aguarda resposta do governo estadual a pedido por recuo. "A empresa é uma das maiores exportadoras mundiais de placas solares”, destaca o secretário de Indústria, Comércio e Serviços do estado, Joel Sant’Anna Braga. O secretário afirma que esta futura unidade será a primeira fábrica da Chint Power no continente americano e o primeiro produto fabricado por ela em Goiás serão medidores com sensores que se conectam por satélite.


A Weichai Power, outra gigante chinesa fabricante de motores e equipamentos, com diversas subsidiárias em múltiplos ramos industriais, também se instalará em Itumbiara em parceria com a Stemac, num investimento de R$ 100 milhões. De acordo com Joel Braga, a empresa tem a maior fábrica em operação na China, num conjunto de sete parques industriais. “A Weichai já exporta mais de mil motores para o Brasil para geradores de energia. Agora, ela vai começar a fabricar em Goiás motores para máquinas e ônibus elétricos”, informa o secretário.


A nova operação resultará na transferência de tecnologia de fabricação de motores para seu primeiro parque industrial nas Américas. “Eles começarão com motores, mas têm o compromisso de passar a fabricar outros tipos de máquinas e até embarcações”, destaca Braga. Isso deve resultar na instalação de uma segunda estrutura em Itumbiara. O contrato já foi assinado e, neste mês de janeiro, representantes da empresa estarão em Goiás para fazer o anúncio oficial junto com o governador Ronaldo Caiado e o prefeito de Itumbiara, Dione Araújo.


O secretário lembra que a indústria de máquinas agrícolas Sinomac, que já tem distribuição em Aparecida de Goiânia, também passará a montar seus tratores no município, em parceria com o Grupo Zilli. Segundo ele, a BYD está com negociações avançadas para a instalação de uma fábrica de placas solares, provavelmente no município de Anápolis, por conta das facilidades proporcionadas pelo Porto Seco, a Ferrovia Norte-Sul e a localização geográfica mais centralizada no País.


Joel Braga lembra que a empresa já possui uma unidade de montagem e distribuição de placas em Campinas (SP).


“A intenção é fazer a montagem das placas e o Porto Seco servir como entreposto de importação de outras partes que a empresa utiliza para produção no Brasil”, explica. Segundo ele, representantes da empresa já visitaram o Porto Seco para verem de perto toda esta logística da operação, que já é feita com a Caoa. Mineração A Aclara Resources, que tem o grupo Hochschild Mining como um dos principais acionistas, vai investir mais de R$ 2 bilhões na produção de minerais em terras raras no município de Nova Roma. Os elementos de terras raras são essenciais para a fabricação de ímãs permanentes de alta potência, utilizados em motores de veículos elétricos e também em geradores de turbinas eólicas.


O magneto, por exemplo, é um mineral utilizado no motor elétrico, que permite que ele puxe energia da bateria para poder funcionar.

“São insumos muito importantes, como o lítio, encontrados nas terras raras, que são o novo ouro branco descoberto em Goiás. Têm importância muito grande pelas novas tecnologias que estão sendo empregadas no mundo, principalmente na transição da motorização dos carros. Goiás possui uma das maiores minas do mundo e terá um grande papel na transição energética mundial”, destaca o secretário. No último mês de dezembro, a Serra Verde Pesquisa e Mineração (SVPM) anunciou que recebeu a licença de operação ambiental (Licença Operacional ou LO) da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás (Semad) para a Fase I do depósito Pela Ema, em Minaçu.


A Serra Verde produzirá um concentrado mineral único, contendo uma combinação de alto valor de ETRs pesados e leves, dotados de propriedades magnéticas críticas.

A chinesa CMOC vai investir mais de R$ 3 bilhões no estado para impulsionar a indústria de mineração, com foco no beneficiamento de nióbio e fosfato, nas cidades de Catalão e Ouvidor. A empresa é uma das principais vendedoras de metais do mundo, reconhecida globalmente por sua excelência no mercado.

Já a Wave Nickel anunciou investimentos de R$ 1,6 bilhão até 2029 para reativar a antiga planta de produção de níquel da Votorantim, em Niquelândia, cuja paralisação das atividades, há mais de sete anos, provocou um forte impacto econômico no município.

Para o presidente executivo da Adial Goiás, Edwal Portilho (Thequinho), a adequação da competitividade industrial, sob o ponto de vista tributário, ajudou a atrair empresas chinesas. Segundo ele, elas estão vindo numa joint venture com a Stemac, aproveitando o espaço físico ocioso e uma competitividade tributária muito boa em comparação com a Zona Franca de Manaus.


“O estado formulou uma legislação nova para atender estes investimentos, que serão espetaculares para Goiás e Itumbiara, que será um novo polo tecnológico de equipamentos e componentes eletrônicos para geração de energias renováveis”, afirma Portilho.


Segundo ele, o governo teve de se articular para que Goiás não perdesse estes investimentos para a Zona Franca ou para outro estado que tivesse feito uma proposta melhor.


“Uma legislação que, no início do ano, saiu junto com as novas regras para o e-commerce e a volta do crédito outorgado para industrialização de soja, voltando de 5% para 7%, o que viabilizou quatro novos investimentos em quatro municípios”, informa Portilho. Ele acredita que esta nova legislação tributária também será responsável pela atração de uma fábrica da BYD para Goiás.

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